Patologia Molecular


Os avanços ocorridos recentemente na área de biologia molecular proporcionaram a possibilidade da utilização das mesmas ferramentas de manipulação e identificação de moléculas e também de seqüências de genes no setor do diagnóstico e/ou estudo da patogenia das doenças. Surgiu, assim, a patologia molecular.

A patologia molecular não deve ser dissociada da patologia tradicional e sim considerada uma ferramenta nova de grande utilidade na pesquisa e, provavelmente, será integrada em várias situações da rotina diagnóstica.

Por se tratar ainda de técnicas de alto custo, requerendo treinamento específico e aquisição de equipamentos caros, o LMPGOS ainda não está disponibilizando para os colegas e pacientes estes exames na rotina.

Estamos, nesse momento, investindo no treinamento de uma das nossas patologistas, contatando biólogos e geneticistas e, é nosso sonho, em breve, criarmos uma divisão multidisciplinar de abordagem genética e de patologia molecular que irá compor o que já batizamos como DIVISÃO DE PATOLOGIA MOLECULAR DO LMPGOS. Enquanto atravessamos esse período de transição, alguns exames já podem ser requisitados via o nosso serviço, pois mantemos parceria com o Laboratório de Consultoria em Patologia Carlos Eduardo Bacchi com sede em Botucatu, São Paulo e também com a Divisão de Patologia da Mayo Clinic, Rochester, Minnesota, nos Estados Unidos.

A utilização das técnicas de patologia molecular vai permitir o estudo do DNA de determinadas células tumorais, a pesquisa de partículas virais incorporadas ao genoma da célula hospedeira ou a presença normal ou exagerada (amplificação) de determinados genes. Estamos começando a presenciar a verdadeira fusão da patologia microscópica clássica dos séculos dezenove e vinte com a ciência molecular do século vinte e um. Através de técnicas denominadas microarray que envolvem a microdissecção, o patologista pode selecionar pequenos grupos de células e até mesmo uma única célula a partir de um tecido alterado ou normal que esteja sendo investigado pela técnica de microscopia convencional, extrair o DNA, amplifica-lo e realizar diversas pesquisas por uma variedade de técnicas disponíveis. Os resultados dessas pesquisas vão ser confrontados com os achados microscópicos tradicionais e, através de estudos de observação clínica, muitas descobertas vão surgir.

É muito provável que, em breve, no campo da patologia mamária como em outros, o patologista irá utilizar tais técnicas de análise molecular em associação com as técnicas convencionais de diagnóstico.
As principais técnicas de patologia molecular que estão disponíveis são:

1. Hibridização in situ
2. Captura híbrida
3. Reação em cadeia da polimerase (PCR)
4. Reação reversa... (PCR-R)?
5. FISH (Hibridização in situ com o uso da fluoresceína)
6. Citometria
7. Citogenética

Entre estas, destacamos a possibilidade do uso imediato atravé do nosso laboratório, de FISH, PCR e captura híbirida.

A técnica de FISH vem sendo utilizada nos casos de carcinoma de mama em que a pesquisa de HER-2 (C-erbB-2) foi sido positivo fraco (++), tendo a pesquisa sido realizada pelo método HercepTest . Em trabalho realizado como motivo de dissertação de tese de mestrado em 2000, sob a orientação do Dr. Carlos Eduardo Bacchi, um de nós (Dr. Alexandre de Oliveira Sales), demonstrou superponibilidade na especifiicidade e sensibilidade de resultados em 100% dos 50 casos pesquisados quando foram comparados os dois métodos de pesquisa de hiperexpressão de HER-2 (LSAB+ x HercepTest ).

Em último e recente levantamento de custos, chegamos à conclusão de que a pesquisa da hiperexpressão de HER-2 pelo método do HercepTest é cerca de 40 vezes mais caro do que o método convencional pelo LSAB+. O nosso laboratório disponibiliza a possibilidade de realizar a pesquisa de HER-2 através do método HercepTest , devendo-se levar em consideração o custo.

Nos EUA, uma vez que o único teste aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) para pesquisa da hiperexpressão de HER-2 é o método do HercepTest , este é o método utilizado de rotina. As pacientes que mostram hiperexpressão de HER-2 pelo HercepTest são candidatas ao tratamento com a droga trastuzumab, primeiro anticorpo monoclonal humanizado em uso contra o câncer da mama. O trastuzumab age preenchendo os receptores HER-2 presentes em quantidade exagerada na membrana citoplasmática das células tumorais, diminuindo a sinalização dos fatores de crescimento para dentro da célula e, conseqüentemente, diminuindo a velocidade de multiplicação dessas células.

Nos casos em que o HercepTest tenha sido duvidoso, positivo fraco (++), deve-se proceder a pesquisa da amplificação do gene do HER-2 no mesmo material de biópsia (bloco de parafina). Se a amplificação do gene se confirmar, está indicado o uso do trastuzumab.

O método de PCR está sendo utilizado de forma muito ampla e com resultados confiáveis na pesquisa e subtipagem de HPV, principalmente em material de biópsia de colo uterino, pênis, ânus e em outras regiões, substituindo o método da hibridização in situ convencional e, sendo preferido por alguns em relação à captura híbrida.

A principal vantagem do método de PCR sobre a captura híbrida é que no primeiro a positividade pode ser melhor relacionada com as células infectadas, uma vez que a seleção das células em estudo é feita a partir do tecido emblocado em parafina. Na captura híbrida, o material a ser examinado, em geral, consiste na secreção vaginal (líquido). Assim em caso de positividade (presença de HPV), não como se ter certeza que o DNA viral detectado esteja incorporado ao DNA das células do colo uterino, por exemplo, ou se representa apenas partículas virais diluídas na secreção vaginal ou até mesmo fonte de contaminação exógena.

No momento atual, entretanto, ainda não há um consenso de qual método seria o melhor para a pesquisa de HPV. Alguns defendem inclusive que os dois métodos não seriam excludentes. A captura híbrida, em casos de colo uterino, seria o primeiro método a ser solicitado em casos de citologia e/ou colposcopia suspeita para HPV; nos casos positivos, poderia se solicitar PCR no material de biópsia para confirmar ou não a presença de HPV e qual subtipo estaria incorporado ao DNA das células escamosas infectadas.

 

Copyright© 2010 - Laboratório Médico de Patologia